Raposas em Valongo
Em Fevereiro o Mulo disse que viu três raposas junto ao prédio. Como nunca mais se viram nem há no Google qualquer referência à existência de raposas em Valongo - e como sabem, o que não existe no Google não existe na realidade - assumi que poderiam ter sido cães confundidos com raposas. Até porque era de noite e foi nas traseiras do prédio onde não há iluminação. Entretanto nunca mais pensei nisso... Até segunda feira à noite.
Estava eu descansada a tentar dormir quando um chinfrim me desperta. Ouço gatos a bufar, um outro animal a guinchar e abro de imediato a janela. O meu primeiro pensamento foi de que alguém estaria a tentar dar cabo dos gatos aqui da zona - que são dezenas deles e há uma ninhada recente. Já preparada para insultar e chamar a polícia abro a janela do quarto aflita e eis que não quero acreditar no que vejo: Uma raposa!
Uma raposa e dois gatos à volta. Vejo a raposa a tentar atacar os gatos e vejo os gatos a bufarem à bicha, por isso não percebi quem começou a provocação. Entretanto numa gritaria desmedida desaparecem por entre a vegetação, a mesma vegetação onde costumam estar os mais recentes bebés. Entretanto um terceiro gato corre em direção à vegetação e depois... Silêncio! Vejo a raposa afastar-se e não me pareceu ter caçado alguma coisa.
Supostamente as raposas comem ratos, coelhos, galinhas e fruta. Não há referência de as raposas comerem gatos, mas digamos que um gato bebé não difere muito de um rato ou de um coelho e não se sabe defender por isso não descarto esta hipótese.
Na terça-feira à noite novamente gritaria. Abro de imediato as janelas e ei-la novamente a rondar. Não a vejo com gatos mas onde ela estava não tinha iluminação suficiente para perceber. Vejo apenas uma gata, ao longe, a tentar perceber o que se passava curiosa. Depois, novamente silêncio e volto a ver a raposa afastar-se e desta vez parecia levar alguma coisa com ela...
Só me apetecia chorar, só de pensar que poderia ser um dos bebés...
Uma ou duas horas mais tarde novamente chinfrim. Não é uma, mas duas raposas! Ora tendo em conta que são animais solitários acredito que o chinfrim poderia dever-se a uma luta, entre elas, pelo território...
E é assim que descubro que sofro de uma espécie de racismo animal: Só desejo que a caça que ela tinha na boca fosse um pássaro, um rato ou o que fosse... Tudo menos um gato!
Não deixa de ser estranho morar tão próximo de um centro urbano e existir raposas... Foi um misto de sentimentos, quando vi. Medo. Eu chego a casa tarde do ginásio e estaciono na rua onde elas andam... Raiva. Que não venham para atacar os gatos! Surpresa. Como assim raposas em Valongo? Admiração. Não é todos os dias que se vê um animal selvagem no seu habitat.
Não sei, por isso, se me agrada a ideia de ter raposas aqui tão perto...
Mas já agora alguém que me explique como se eu fosse muito burra: como é que há raposas tão perto de um centro de cidade?