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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Livro: Marina de Carlos Ruiz Zafón

Andava na minha wishlist há imenso tempo - basicamente desde que a Nathy me adoçou o gostinho - e depois de me apaixonar pela Saga d'O Cemitério dos Livros Esquecidos tinha mesmo que ler este que é considerado um grande livro de Zafon, sendo um dos favoritos do próprio autor. Claro que tinha de ler! Aproveitei por isso no final do ano a Black Friday, comprei este menino em promoção e agora finalmente consegui lê-lo.

 

O que dizer-vos de Marina?

 

Acho que tudo o que eu vos possa dizer será muito pouco, mas vou tentar.

 

 

Marina conta-nos pelos olhos de Óscar - um rapaz que vive num colégio interno - a história de Marina e a aventura que os dois viveram no submundo de Barcelona. Tudo começa quando Óscar entra numa casa que julgava desabitada, roubando um relógio. Quando o rapaz decide devolver o relógio percebe que a casa está habitada e que nela vive Marina e Gérman - o seu pai. Desde logo os dois estabelecem uma grande amizade, sendo que Marina e Gérman se tornam - de certa forma - na família de Óscar. Um dia, Marina leva Óscar a um cemitério para lhe mostrar uma mulher de negro que visita uma campa com frequência, e ao seguirem essa mulher - por curiosidade e diversão - vão encontrar uma espécie de estufa abandonada carregada de membros, que não conseguem perceber se são humanos ou apenas de bonecas. Aí percebem que o espaço tem vida própria e desde a visita que umas criaturas estranhas os começam a perseguir. Assim, Óscar e Marina começam a investigar a história daquele local e da pessoa que o criou e sempre que ficam mais perto de saber do que se trata algo sempre lhes acontece. As pessoas envolvidas na história começam a morrer... Marina e Óscar têm de apressar antes que a história os apanhe por completo e lhes ceife a vida. Será que vão conseguir?

 

Marina é classificado por muitos como um livro de aventura juvenil. Não concordo. Marina é realmente uma história vivida por dois jovens, mas trata-se de algo muito mais grandioso do que uma aventura, antes mais uma história de terror, onde criaturas estranhas difíceis de imaginar são, no fundo, protagonistas.

 

Tudo o que eu adoro em Zafón encontrei em Marina: As descrições que nos teletransportam para os cenários - eu que não gosto de livros descritivos, adoro as descrições de Zafón -, o suspense - que nos faz agarrar os livros como se o mundo fosse terminar amanhã -, o enredo denso e cheio de portas com diferentes saídas e entradas com tantas interpretações distintas.

 

É claramente um livro diferente de A Sombra do Vento mas para quem gostou da mordacidade deste, Marina tem também. Adorei o livro mas... Vendo bem, o mesmo tem vários elementos que fariam com que eu não o apreciasse: tem misticidade, tem elementos da fantasia, tem uma perceção difícil de distinguir o que pode ser ou não real, no entanto a forma como nos é contada a história é tão incrível que no fundo me esqueci que não gosto de livros de fantasia.

 

O livro poder-nos-ia querer demonstrar que não nos devemos meter onde não somos chamados e que isso traz consequências sérias mas não creio - de todo - que seja essa a mensagem que pretende transmitir. Marina pretende-nos acima de tudo, mostrar o valor da vida. Sobre o que estamos dispostos a fazer para nos proteger e para protegermos os outros. Fala-nos também do valor da amizade, e do valor da palavra. Demonstra-nos como é mais fácil julgar do que olhar para o nosso interior e perceber que também seremos capazes - se levados ao limite - de fazer coisas horrendas, coisas absurdas se isso permitir que vivamos uns minutos mais junto de quem amamos.

 

Marina é... tudo de bom! Tem mistério, tem terror, tem aventura, tem até algum humor e até tem drama. Diria até que é um livro bastante completo.

 

Aconselho vivamente!

 

Boas Leituras!

7 comentários

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    Mula 12.03.2018

    Muito obrigada! Foi graças a ti que eu o li e olha, adorei tanto... o que é estranho que eu nem gosto muito e fantasia mas adorei este! ^_^
    O meu favorito continua a ser a Sombra do Vento, e acredito que será difícil ser destronado, mas este é igualmente fantástico.
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    Nathy ღ 13.03.2018

    Não tens que agradecer. Eu é que fico contente por teres gostado. Detesto indicar livros mas quando indico é bom saber que a pessoa gostou.
    Um dos problemas que tenho é que adoro falar sobre livros (apesar de já não ler) e mais ainda sobre os livros que mais me marcaram. Fico realmente contente por teres lido e teres gostado.
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    Mula 13.03.2018

    Que aconteceu Nathy para teres perdido o encanto pelas leituras?
    Eu também tenho sempre receio de indicar livros porque quando gosto, gosto, e falo com efusividade e temo sempre criar falsas expectativas nas pessoas...
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    Nathy ღ 13.03.2018

    Um dos motivos que levou-me a começar a ler como muita regularidade foram as horas que passava nos transportes públicos, umas 3 horas por dia, entre a faculdade, trabalho e casa... Apenas lia em casa quando já estava presa á ao livro ou queria realmente ler. Como deixei a faculdade e tirei a carta deixei de ter esse tempo que aproveitava para ler. O facto de ter passado uma fase em que desliguei-me de quase tudo também não ajudou. Vê-se pelo blog que adora mas abandonei.
    Apesar de, neste momento, estar bem a vontade de ler desapareceu. Tentei forçar durante algum tempo mas não resultou.
    Continua a gostar de livros, preservou os meus livros, tenho comprado alguns "livros da minha vida" que espero um dia reler... mas falta vontade de ler.
    Também já não tento forçar. Talvez um dia a vontade volte, ou talvez não...
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    Mula 13.03.2018

    Compreendo!
    Eu também lia muito nos transportes, agora que deixei de utilizar os transportes leio na minha hora de almoço - que é hora e meia e eu só preciso de 15 min para comer... - mas a verdade é que sou como tu, só leio em casa quando o livro é realmente bom e me prende.
    Acho que não se deve forçar sob pena de poder ter o efeito contrário. Acho que o que irá acontecer é que um dia vai surgir um livro que realmente vais querer muiito ler por esta ou por aquela razão, vais gostar e a partir daí o resto surgirá naturalmente.
    Há amores que nunca desaparecem mas podem sempre esmorecer um pouco.
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    Nathy ღ 13.03.2018

    Acaba por ser uma situação estranha porque por vezes tenho saudades de pegar num livro e perder-me na história. E tenho pena de ter 40 livros por ler na minha estante.
    A minha ideia é um dia destes reler algum livro que tenha marcado. Talvez assim a vontade volte...
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