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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Igualdade de género?

Não, a Mula não se vai pronunciar sobre os "polémicos cadernos de atividades" que sobre esses já se escarafunchou o suficiente por aqui e além mar.

 

O que a Mula pretende é tentar perceber se é mesmo a igualdade de género que se pretende. Porque... Como é que podemos igualar dois seres tão distintos?

 

Devemos dar-lhes igualdade de oportunidades, pois claro que sim, mas não podemos ignorar simplesmente as diferenças, porque homens e mulheres são efetivamente diferentes. Por isso acho perigoso analisar as tendências de género à luz da exclusão, da segregação, do sexismo ou da descriminação.

 

Acho que se começa a cair no exagero. 

 

Não podemos ignorar que existem tendências de género, apesar dessas não serem verdades absolutas, não podemos agir como se estas tendências fossem meramente sociais ou pura ilusão. Por muito que não se possa generalizar, e existirem meninas e meninos com os mais variados gostos, não podemos negar a tendência que as meninas têm pelo rosa, pelas princesas e pelos castelos, nem negar a proximidade que os meninos têm com os carrinhos, com os piratas e o futebol. É certo que há meninas que jogam futebol e gostam de piratas - eu joguei futebol até aos 16 anos e nunca veio mal ao mundo - é certo que há meninos que brincam com bonecas e vestem cor-de-rosa - sem ter que significar alguma tendência sexual - mas é certo que há uma tendência que não pode ser ignorada, porque não tarda estamos a tirar todas as cores fortes do mercado e a vestir-se meninas e meninos de preto e branco para ninguém achar que a mamã e o papá estão a promover um estereotipo. A continuar assim teremos estilistas/costureiros/designers a serem linchados em praça pública por fazerem um vestido em cor-de-rosa ou uns calções de menino em azul.

 

Adoro aquele argumento: "Ao criarmos brinquemos de menina e brinquedos de menino estamos a definir com o que cada um deve brincar, estamos a mostrar-lhes o lugar na sociedade" Eu não sei quanto a vocês, mas eu tinha barbies e tinha carros - adorava atirá-los das escadas abaixo. Eu cá não sei, mas nunca vi nenhum letreiro junto aos carros com a proibição a meninas, nem nunca vi um menino riscado numa caixa de barbies ou de nenucos. Acho que tudo deve existir, e depois cabe à criança escolher o que quer, e cabe aos pais darem essa liberdade às crianças. Se um pai ou uma mãe recusar a compra de algo à criança porque não é para ela, isso sim é descriminação, isso sim para mim é um crime de género, agora existirem no mercado diferentes opções não me parece nada mal, nem me parece criminoso. E parece-me natural que existam tendências de compra.

 

Ah ó Mula, mas os pais influenciam muito as crianças!

Não digo que não, mas a mim sempre me colocaram lacinhos na cabeça, me vestiram com vestidos feitos por medida com padrões escolhidos pela mãe e quando cheguei a adolescência de costas parecia um rapaz porque usava calças largas, com gancho pelo joelho e camisolas mais largas do que uso agora - e eu era tão magrinha... - porque usava roupa efetivamente de rapaz. Hoje em dia tenho tendência por roupa mais feminina, e uso saias e vestidos, e ganchos no cabelo se me apetecer, e não acho que a influência da minha mãe ou do meu pai no passado tenham importância hoje, porque eu experimentei os dois lados e uso aquilo com que me sinto bem, aquilo que gosto.

 

Tenho uma opinião muito vincada sobre esta questão: Acho que homens e mulheres nunca vão ser iguais, portanto o que eu quero é que a sociedade os reconheça como diferentes mas que os aceite como são e lhes permita ter as mesmas oportunidades. E se um homem quiser ter uma tarefa considerada de mulher deve poder executá-la sem ser descriminado e vice-versa. O que estamos aqui a falar é de escolha, de liberdade de escolha. Mas espero, sinceramente do fundo do meu coração, nunca ver homens de saia ou de vestido, e espero que as mulheres continuem a ter as dispensas e outros benefícios por terem filhos. 

 

No que toca a tarefas, não acho que hajam tarefas de mulher ou tarefas de homem e por isso as tarefas devem ser adequadas a cada pessoa e não ao género, ainda que, uma vez mais reforço: não podem ser ignoradas as tendências que existem, que são reais, porque não tarda, exige-se a todas as mulheres que tenham a mesma força que é mais comum a um homem, e exige-se a todos os homens que tenham a mesma destreza em trabalhos minuciosas que é mais comum nas mulheres - que por terem normalmente dedos mais finos poderão ter outro tipo de agilidade - e já é demasiado mau exigir-se a mesma força de todos os homens e exigir-se a mesma delicadeza de todas as mulheres.... Somos todos diferentes. Como igualar pessoas tão diferentes?

 

Somos todos diferentes, seja entre géneros, seja dentro do mesmo género e não se deve cair em exageros, mas não há aqui nenhum sexo forte/sexo fraco: Há para mim sexos complementares e por isso considero o e expressão "igualdade de género" um pouco perigosa.

2 comentários

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    Mula 10.09.2017

    Concordo e é muito isso que quis reflectir com o texto: Não acho que sejamos nós mulheres a ser descriminadas propriamente, o problema é que se descrimina tudo e todos por tudo e por nada...
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    Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos. Mais do que um blog, são pedaços de uma vida.