Figos
e outras parvoíces sobre a vida.
Passei anos a dizer que não gostava de figos (frescos), sem nunca ter provado. Um dia, já não sei porquê decidi provar um bocadinho de um. Esse bocadinho deu origem a um inteiro e desse inteiro deu origem à mítica cara de pânico da minha nutricionista perante a minha alegria de ter descoberto uma fruta nova. O aspeto ainda hoje me arrepia um pouco mas hoje digo, com certeza, que figos frescos é das minhas frutas favoritas. A nutri arranjou coragem para me desencorajar a comer figos às molhadas como se o mundo fosse acabar nos minutos seguintes, mas... ainda assim é impossível resistir-lhes. Mas com tino. Porque saber comer também é saber parar de comer.
Tenho-me deliciado, e feito as minhas panquecas e bolos na caneca enfeitados com figos e fico a pensar porque raio toda a minha vida disse que não gostava , apesar de nunca ter provado.
Fico a pensar e isto é transversal a tantas coisas na vida...
Por nos habituarmos a um determinado estilo de vida, a uma determinada situação ou rotina, é fácil acharmos que não gostamos disto ou daquilo porque não experimentamos, não sabemos o que é e ao que sabe, e acima de tudo como nos deixa, como nos afeta. Por desconhecermos optamos tantas vezes por dizer que não gostamos, que não é o nosso estilo, que não nos preenche. E quando o desconhecido passa a ser conhecido e gostamos?
Lembro-me, na vida, de umas quantas coisas que desdenhei e que agora, por não ter, me faz falta... Tal como os figos vão fazer falta quando a acabar a época. Devemos morder a língua antes de dizermos que não gostamos de algo que desconhecemos...
... Eu já mordi a minha, e vocês?