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Desabafos da Mula

Desabafos do quotidiano, por vezes irritados, por vezes enfadonhos, mas sempre desabafos.

Desabafos da Mula

Dicas para quem quer ir viver com o namorado - Parte I

Já namoram há algum tempo e apesar de estarem habituados a que as vossas mães vos façam tudo e de não saberem tão pouco como se estrela um ovo, estão a pensar ir viver juntos, então estas dicas são para vocês. Antes de mais esclarecer-vos que quem vos fala é alguém que já mora junto há mais de 8 anos, que adora a sua casa e cozinhar, mas que inicialmente nem um arroz em condições sabia fazer, quanto mais tomar conta de uma casa e de um companheiro. Por isso fala-vos alguém com alguma experiência, que cometeu erros e aprendeu com eles e que hoje vos quer transmitir algumas coisas que aprendeu para ajudar, quiçá, alguém que está a pensar dar este importante passo.

 

 

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1. O que fazer ANTES da mudança:

Morar junto, seja com o namorado/namorada seja com amigos, e até mesmo sozinho, é muito mais que pegar nas trouxas e levá-las para uma outra casa, essencialmente se essa mudança implica ir viver com alguém diferente. Bem sei que vocês gostam muito um do outro, que são perfeitos e até são o casal-modelo dos vossos amigos e/ou das redes sociais, mas viver com o outro está longe de ser um conto de fadas e implica muitas mudanças de rotinas que muitas das vezes não são fáceis de gerir. Acreditem que aquela semana que passaram juntos num apartamento em Albufeira está longe de se poder comparar com a vivência em comum, porque aí vocês estavam de férias, sem preocupações ou problemas. Juntem-lhe a essa mistura, o vosso trabalho, os vossos problemas, as vossas rotinas habituais e verão a diferença. Mas vamos por partes, antes de irem morar juntos devem:

 

Entender as vossas motivações individuais.

Todo o casal que se ama e se deseja, sonha com o seu espaço, com o seu cantinho, com a sua cabana do amor. Um amor e uma cabana é tudo o que é preciso, dizem os apaixonados. Mas toda a gente sabe que as coisas não são bem assim. Quando decidimos ir viver com alguém, criam-se - quer se queira ou não - expectativas dessa união: É apenas para passarem mais tempo juntos? É para aumentar a família? É importante que percebam em que ponto da relação estão, e o que esperam dessa mesma relação, o que esperam do outro. E se vocês quiserem ter filhos e o outro não? Valerá a pena passarem para o outro nível, sabendo que um dia das duas uma: ou o outro cede - o que é menos provável - ou a relação colapsa? Era bom que assim fosse, mas por si só o amor não é suficiente para segurar uma relação. Por vezes há pessoas que se amam, mas não são compatíveis, quer a nível de feitios quer a nível de objetivos para a sua vida, e é importante que antes de darem esse passo compreendam que estão a remar para o mesmo lado, ou se irão remar para lados opostos, e se descobrirem que vão remar para lados opostos se querem entrar no barco ou não. Podem entrar, não é errado entrar, o que na opinião da Mula é errado, é entrar sem saber para onde vai o barco, agora se sabem, e estão conscientes e querem ainda assim prosseguir viagem, à aventura. Força estou convosco.

 

Falar sobre como tencionam cuidar da casa.

Parece um pormenor, mas ter a casa arrumada e organizada está longe de ser um pormenor e é muitas das vezes motivo de rutura entre um casal. Parece exagerado? Quando vocês quiserem meias e cuecas para vestir e estarem atrasados para o trabalho e virem que não há nada lavado, irão perceber.

 

É por isso importante que ANTES de se mudarem para a vossa cabana do amor, que percebam o que cada um está disposto a fazer em casa, se é a mulher que irá assumir esse papel como antigamente, ou se pretendem dividir as tarefas. Meninas, se decidirem serem vocês a tratar das questões das lides domésticas depois não se queixem que eles não fazem nada em casa. Meninos, se vocês disseram que pretendem ajudar não fujam depois com o rabo à seringa na hora de fazerem o que vos compete. Meninas, também cabe a vocês fazê-los cumprir o prometido. Devem chegar a um acordo, fazer as respetivas cedências e cumprir o acordo.

 

Falando-vos do meu caso em particular. Eu antes de ir viver com o Mulo esclareci que não era dona de casa. Não era e não sou. Por isso ficou desde sempre estabelecido que ele teria de me ajudar, fosse a limpar, fosse a cozinhar, porque caso contrário a relação não iria sobreviver. Ele aceitou e apesar de eu assumir maioritariamente o controlo neste campo - foi algo que foi acontecendo naturalmente -, ele passa, ele cozinha, ele limpa, e aspira - ó se aspira, e muito melhor que eu, que ele vai aos cantinhos todos - e por isso é uma grande ajuda.

 

Esclarecerem as vossas rotinas extra-casal.

Vocês têm os vossos amigos enquanto pessoa individual e devem continuar a ter os vossos amigos sem que os mesmos tenham de ser fundidos e passarem a ser os amigos do casal. Por isso se pretendem continuar a sair para irem a bares e discotecas com os vossos amigos sem que o vosso parceiro vos acompanhe, como acontecia antes, é algo que deve ser esclarecido antes de se mudarem porque caso contrário, e se não estiverem de acordo em relação a este ponto, então irá existir discórdia. Não se esqueçam que quando viviam com os pais ele ou ela não sabiam a que horas tinham chegado a casa, agora vão saber, e se forem ciumentos irá criar conflitos.

 

Acordar sobre as contas.

Ninguém gosta de falar do dinheiro, essencialmente quando também falamos do dinheiro do outro. Mas tem de ser, é impossível ser de outra maneira. Não há fórmulas certas, nem fórmulas erradas, há fórmulas diferentes para gerirem o orçamento familiar. Falem um com o outro e percebam se a partir desse momento criam conta conjunta, ou se gerem as vossas contas separadas. Se for conta conjunta, então todas as despesas da casa devem sair dessa conta, e para que não se crie um bolso roto, estabeleçam o valor com que cada um se deve governar a nível individual. Se por outro lado preferirem ter contas separadas, então estabeleçam o que cada um paga. Quem pagará a renda? E a luz? E a água? Pagarão o mesmo? Ou quem ganhar mais pagará o maior bolo? Estas questões são muito importantes 

 

Ter cuidado com as cedências exageradas.

Estão a ver casas a duas horas de distância do vosso local de trabalho porque ele/ela não quer acordar uma hora mais cedo para ir trabalhar? Morar junto/casar não é viverem debaixo do mesmo teto apenas. Viver junto implica que haja respeito, que haja compreensão, comunicação e acima de tudo que haja cedências de ambas as partes para minimizar o impacto da quebra de privacidade de cada um. Não vos quero deixar triste, mas se a pessoa com quem estão a pensar ir morar junto só pensar nela, se vir sempre as coisas do seu ponto de vista, das suas facilidades e não pensam no que vocês querem e gostam, então se calhar a mudança é uma má ideia. Pensem nisto.

 

Claro que cedências terão sempre de existir, porque são duas pessoas que agora têm de se organizar como um coletivo, têm de pensar em conjunto e chegarem às conclusões em conjunto. Regra número um para uma união feliz e duradoura: NÃO SE ANULEM para fazer o outro feliz. Nunca dá certo. Mais tarde ou mais cedo vai dar asneira, e o ideal é que percebam isso antes de se mudarem porque depois pode ser mais complicado dar o passo atrás, regressar a casa dos pais e levarem com um "eu já sabia que isto ia acontecer!" não é agradável para ninguém, por isso acima de tudo pensem bem se é isso que os dois querem e que não é apenas uma vontade de um dos elementos. Só quando há verdadeira vontade das duas partes é que é possível chegar a um acordo verdadeiro.

 

 

Muito bem.

 

Conseguiram falaram, colocaram os pontos nos "i's" e concluíram que irem viver juntos não ia resultar porque não conseguiram efetivamente chegar a um meio termo, a um consenso que agradasse aos dois? Não desesperem, se calhar não está na altura certa, esperem mais um tempo e não deixem que isso afete o vosso relacionamento. Tudo tem um tempo certo para acontecer, e às vezes é preciso que esse tempo chegue. Há pessoas que precisam mais tempo do que outras para conseguirem perder a sua intimidade e viverem em paredes comuns.

 

Se por outro lado, falaram, colocaram os pontos nos "i's" nos "a's" e os "o's" e querem efetivamente dar este passo. Então amanhã voltem cá à Mula, que darei novas dicas, novos apontamentos sobre a vivência em casal, já após a mudança.

 

Quem é que daqui está a pensar juntar os trapinhos? E quem já juntou, seguiu estes passos?

 

Meninas e Meninos experientes, falem do alto da vossa sabedoria para ajudar os caloiros, se faz favor!

4 comentários

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    Mula 07.03.2017

    Passo a passo se chega onde se quer. E às vezes é melhor esperar para estarem preparados e ser em bom, do que mudarem, precipitarem-se e ser em mau e depois não ser bom para ninguém. Image
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    Sweetener 07.03.2017

    Agora o assunto já acalmou, mas andámos umas semanas em que ele queria juntar os trapinhos à viva força. Foi difícil fazê-lo entender que não estávamos preparados para tal,  mas lá acabou por perceber Image
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    Mula 07.03.2017

    Pode correr bem, nunca se sabe, mas pode correr muito mal também e estragarem o que vocês têm.

    No meu caso foi mesmo "à força toda", decidimos ir morar juntos por birra. Eu tinha saído com um amigo porque me tinha chateado com o pai - o ambiente lá em casa estava cada vez pior - e o Mulo ficou chateado e após eu lhe dizer que tinha saído porque já não aguentava mais o ambiente lá em casa ele diz-me assim em cima do joelho "então pronto, vamos viver juntos e já não precisas de andar a sair de casa só porque não te sentes bem!" - mas isto no meio de uma discussão Image -  e eu "então pronto, vamos!!!!" - também a berrar com ele - depois arrependi-me e comecei a achar má ideia, eu trabalhava precária, não tinha contracto de trabalho, ele tinha um contracto que acabava dentro de dois ou três meses, mas lá fomos nós, um mês depois estávamos a viver juntos, porque eu não quis voltar com a minha palavra atrás... 


    Felizmente resultou muito bem, mas tinha tudo, na realidade, para correr mal! Image
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